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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Salários astronômicos ou trabalhos duradouros. Afinal, o que querem os técnicos brasileiros?

Por Arthur Quezada

Após o apito do árbitro Wilson Luiz Seneme, na 38ª rodada do Campeonato Brasileiro, que sagrou o Corinthians campeão, pudemos observar uma cena emocionante. No meio do gramado enquanto os jogadores comemoravam, o técnico Tite, empunhando uma bandeira do Timão, corria com lágrimas nos olhos em direção ao Tobogã do Pacaembu para comemorar fervorosamente o 1º Brasileiro de sua carreira.


Naquele momento, toda a desconfiança do torcedor corintiano quanto ao trabalho de Tite em 2011 havia acabado. Apesar de muitos não gostarem dos métodos do gaúcho, a imensa maioria cravou Tite como o técnico da Libertadores para 2012. Mas na contramão do título nacional, da consagração de um trabalho e da “continuabilidade”, o treinador não aceitou, no primeiro momento, a proposta de renovação contratual, e pior, por meio de seu empresário fez um pedido surreal de aumento salarial - que girava em torno de 700 mil reais.

É torcedor, não caia da cadeira!

A situação de renovação de Tite no Corinthians reflete um problema crônico no futebol brasileiro que vem piorando durante as últimas décadas. Obviamente, um técnico de futebol no Brasil não merece, e nem pode, ganhar um valor tão alto - mas como todos sabem isso acontece. Esse distúrbio salarial não é apenas culpa da ambição dos treinadores, mas é também reflexo das más gestões esportivas dos cartolas canarinhos.

O troca-troca de técnicos durante o ano é intenso, a situação dos treinadores no país é extremamente instável. Isso faz com que a pedida salarial dos treinadores seja alta na hora de acertar o contrato com os grandes clubes.

O Palmeiras, a pouco tempo atrás, apostou alto. Em um curto período de tempo, demitiu o técnico Antonio Carlos. Contratou Luxemburgo, que após a queda na Libertadores de 2009 foi demitido. Para o seu lugar, Muricy Ramalho foi contratado, mas a diretoria não bancou o treinador por muito tempo, e no mesmo ano o mandou embora após uma má sequência no Brasileirão. O resultado desta brincadeira foram três multas rescisórias altíssimas sendo pagas em 2010 para os treinadores que já não eram mais empregados do clube. Hoje Felipão, que ganha cerca de 700 mil mensais, balança no cargo...ou seja, o erro continua.

Outros casos poderiam ser lembrados. Mas o caso Tite revela que tanto o clube, quanto os treinadores, tem culpa nessa situação. Claro que o técnico precisa ser valorizado após um título Brasileiro, mas pedir um valor surreal e criar rusgas na relação com a direção do clube não é bom negócio para ambas as partes. Afinal, Andrés bancou Tite no comando do time quando a maioria dos corintianos pediu sua saída.

Hoje, dia 15 de dezembro, o presidente do Corinthians sinalizou que o técnico permanece no clube. Portanto, entre receber um salário astronômico e a possibilidade de realizar um trabalho duradouro, Tite parece ter escolhido a segunda opção. Melhor para ele, melhor para o clube e melhor para o futebol brasileiro!

Um comentário:

  1. Entendo que a renovação deveria ser com um aumento de 20, 30% e o reforço da garantia de emprego que o presidente do Corinthians deu a ele este ano. Pque ele foi bancado. Na verdade se a Libertadores 2012 não vier ele tá na rua... simples assim..A pedida do salário de R$ 700 mil é brincadeira... culpa de Felipão, Luxa e de quem paga este descalabro de remuneração...
    É revoltante os salários praticados no futebol de alto rendimento nos grandes clubes, para técnicos jogadores e auxiliares. Uma distorção que somente gestões profissionais e comprometidas com orçamento dos clubes pode mudar. Grande abraço!

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