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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Dentro e fora dos gramados de Wimbledon

Por Matheus Caselato

Nesta segunda-feira, foi dada a largada para a 125ª edição do mais nobre dos torneios de tênis profissionais. Durante as próximas duas semanas, jogadores, técnicos, jornalistas e torcedores frequentarão o quase sagrado solo do All England Club, local onde é realizado o torneio de Wimbledon, terceiro Grand Slam da temporada.




Por mais que a competição britânica pareça uma anomalia do esporte, são eles quem mais preservam as tradições do tênis. Os homens não utilizam mais calças e casacos durantes as partidas e as mulher, há algum tempo, deixaram os longos vestidos de lado. As raquetes não são de madeira e o uso do chapéu não é mais obrigatório. Enfim, muita coisa mudou, mas o principal esta lá: a grama.




Sim, caros amigos apaixonados pela nobre arte do futebol, o tênis começou a ser jogado na grama. Algumas curiosidades de Wimbledon são bem conhecidas, como a obrigatoriedade do uso de roupas brancas, as toneladas de morangos que são consumidos todos os anos, as filas para se conseguir um ingresso e a rígida seleção dos meninos e meninas que pegarão as bolinhas durante a competição.




Mas, antes do Paixão Clubística se aprofundar mais nesse peculiar torneio, gostaria de contar a visão de um estrangeiro nos bastidores desse mundo. Durante o ano de 2009, por sorte consegui um emprego para trabalhar no torneio de Queen's, que acontece uma semana antes e serve como preparação para Wimbledon, e visitei a competição no mesmo ano.




As duas semanas de jogos acontecem durante os minguados dias de verão londrinos. E, acreditem quando eu digo, depois de tanto tempo vendo chuva e frio, algumas horas com 16 graus fazem sim muita diferença no seu humor.




Apesar de parecer elitizado, Wimbledon e o All England Club são vistos pelos britânicos durante essa época do ano como mais um parque, um ponto de encontro para os amigos. É comum ver pessoas passando o dia dentro do complexo (muito charmoso por sinal ). Mas há espaço para a paixão. As únicas quadras que exigem ingresso são a central, 1, 2 e 3, as outras todas (mais de vinte) tem livre acesso. Na minha visita tive a sorte de ver o Djokovic jogando na quadra 4 e o Nicholas Santos, brasileiro que venceu o torneio juvenil australiano.




O destaque sempre será a quadra central. Devido a enorme procura os organizadores instalaram um enorme telão na parte de fora da quadra, possibilitando que milhares de pessoas assistam as partidas. A parte aonde as pessoas ficam era conhecida por Tim Hill (uma alusão à Tim Henman), mas agora os ingleses a chamam de Murray Mountain, na esperança que o tabu de 46 anos sem ver um britânico campeão de Wimbledon enfim caia.




Em Queen's, tive a oportunidade de trabalhar no lounge dos jogadores, aquela área reservada para os atletas, seus técnicos e convidados. Por ser um lugar privado não consegui tirar muitas fotos. Ali é possível ver as personalidades de cada um. Lleyton Hewitt, por exemplo, é um excelente pai e seus filhos, todos loirinhos, bem conportados. Murray adora jogar pimbolin (e é muito bom). O gigante Ivo Karlovic come demais (quase torci o punho carregando o prato de macarrão dele). O americano Andy Roddick e sua mulher são muito simpáticos. Mas o que mais me chamou a atenção foi saber que a equipe da ATP é quase a mesma em todos os campeonatos, e os brasileiros são maioria. O que é de se estranhar já que os torneios nacionais são pequenos e os profissionais tão menosprezados.

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