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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Longa espera para o futebol inglês


Por Jamie Jubon



O técnico da seleção inglesa de futebol Roy Hodgson convocou no começo do mês o time que vai enfrentar San Marino e Polônia pelas eliminatórias da Copa do Mundo e, mais uma vez, optou por deixar de fora o experiente zagueiro Rio Ferdinand.

Antes de nomear sua equipe, Hodgson tinha discutido o futuro de Ferdinand com outros passageiros no metrô de Londres em sua jornada de volta do Emirates Stadium depois de assistir Arsenal e Olympiakos na Liga dos Campeões da UEFA.

Hodgson supostamente disse, no trem lotado, que a carreira de Ferdinand na  seleção da Inglaterra estava "no fim da estrada" e que não convocaria o defensor do Manchester United enquanto estivesse no comando da seleção.

Esta confissão sincera foi surpreendente, ainda mais porque aconteceu uma semana depois de outro ex-capitão da seleção inglesa, John Terry, ter anunciado sua aposentadoria da seleção.

Terry, que levantou o troféu da Liga dos Campeões com o Chelsea em maio, teve uma carreira turbulenta na seleção da Inglaterra. Dentro de campo, ele raramente deixa seu país para baixo, exibindo qualidades de liderança e atuando com a mesma coragem e heroísmo que ele apresenta em seu clube.

Fora do campo, porém, a história é totalmente diferente. Ele perdeu duas vezes a braçadeira de capitão da Inglaterra: na primeira ocasião, por ter se envolvido com a namorada de um companheiro de time; na segunda vez, por usar linguagem racista contra um adversário durante o jogo do Chelsea na Premier League com QPR em outubro de 2011. O jogador ofendido foi Anton Ferdinand, ironicamente o irmão mais novo de Rio Ferdinand.

Terry e Ferdinand não jogam juntos pela Inglaterra desde então. A sensação antes da Eurocopa deste ano foi de que Ferdinand não se sentia à vontade em jogar ao lado do homem que usou termos racistas contra seu irmão.

Terry foi convocado para a Eurocopa, e Ferdinand não. No entanto, a decisão posterior de Terry de se aposentar da seleção, por ter sido considerado culpado de usar termos racistas pela federação inglesa, deixou muitos se perguntando se a carreira de Ferdinand na Inglaterra iria recomeçar.
A decisão de Hodgson de deixar o jogador de 33 anos de idade de fora da lista, porém, indica que não será este o caso.

Certamente há espaço para Ferdinand no plantel. A Inglaterra não tem zagueiros de alta qualidade. Na verdade a seleção não tem grandes opções em qualquer que seja a posição.
O zagueiro estreante do Stoke City Ryan Shawcross foi convocado, enquanto Hodgson também estranhamente escolheu três laterais-esquerdo para fazer a sua equipe. Ashley Cole do Chelsea, Leighton Baines do Everton e Kieran Gibbs do Arsenal foram todos selecionados, fazendo a entrada de Ferdinand ainda mais atraente.

Está claro que o técnico da Inglaterra, que sucedeu Fabio Capello no início deste ano, está tentando construir o futuro, convocando jogadores mais jovens que ele acredita que podem ter um impacto importante na próxima Copa do Mundo no Brasil e além.

Steven Gerrard e Frank Lampard são agora os últimos membros da chamada "geração de ouro", da qual se esperava trazer para a Inglaterra o primeiro troféu internacional importante desde 1966. A dupla, juntamente com David Beckham, Michael Owen e Paul Scholes, assim como Terry e Ferdinand, fazia parte de um time que, pelo menos no papel, não devia nada para a maioria das outras seleções do mundo.

O futebol, porém, não é jogado no papel, como o ex-técnico da Inglaterra Sven-Goran Eriksson comentou uma vez, e três sucessivas quartas-de-finais  de Copa do Mundo foi o melhor que a geração repleta de estrelas conseguiu.

Hoje em dia, um rápido olhar sobre a equipe de Hodgson mostra por que a maioria do ingleses adoraria voltar sete ou oito anos atrás, quando a seleção possuía realmente alguns jogadores de qualidade.

Existe uma carência real de talento no futebol inglês no momento, e o país tem lutado para encontrar substitutos para a maioria dos jogadores da "geração de ouro". Lampard e Gerrard ainda estão continuamente entre os titulares por causa do simples fato de que ninguém ainda provou ser capaz de substituí-los.

Jack Wilshere, do Arsenal, é o mais bem cotado entre os meio-campistas jovens ingleses e provou sua qualidade ao entrar na equipe principal do Arsenal com apenas 18 anos. Ele também teve atuações memoráveis na Liga dos Campeões contra o Barcelona antes de uma lesão horrível em agosto de 2011, o que deixou Wilshere de fora por um período de 14 meses.

Jack Wilshere é a maior esperança inglesa


Ele está agora retornando ao time titular do Arsenal, e tem sido amplamente considerado como o melhor jogador jovem que a Inglaterra pode apostar para os próximos 10 anos ou mais.

Antes de sua lesão, sua movimentação em campo e controle de bola poderiam ser comparados ao de Iniesta quando mais jovem, o que faz Arsene Wenger e Roy Hodgson esperarem que Wilshere retorne ao mesmo nível de consistência que ele estava apresentando antes de se machucar.

A Inglaterra, porém, tem que ter cuidado para não colocar muita pressão sobre Wilshere, que hoje está com 20 anos de idade. O último “menino prodígio” a emergir foi um certo Wayne Rooney.

Aos 18 anos, Rooney iluminou o Campeonato Europeu de 2004 com uma série de exibições excelentes, até que uma lesão reduziu sua participação no torneio.

Apesar de um registro relativamente impressionante de 76 aparições e 29 gols pela Inglaterra, pode-se argumentar que Rooney não conseguiu recuperar o padrão de oito anos atrás. Na verdade, seu gol da vitória contra a Ucrânia na Euro 2012 foi o primeiro em um grande torneio internacional desde que ele entrou em cena na competição de 2004.

Um grande problema com Wayne Rooney é o seu temperamento suspeito, ilustrado pelo fato de que compartilha a "honra" de ser o jogador da Inglaterra que mais recebe cartões.

Wilshere se envolveu em alguns incidentes menores fora do campo, mas dentro das quatro linhas ele parece possuir um comportamento muito mais equilibrado. Desde que a imprensa inglesa não espere que Jack Wilshere volte de lesão e ganhe a próxima Copa do Mundo no Brasil sozinho, como tantas vezes esperou de Rooney, seu temperamento, bem como o seu talento, poderiam muito bem ser propícios para garantir que ele cumpra algumas de suas potencialidades vestindo a camisa da Inglaterra.

Além de Wilshere, tem seu companheiro de equipe Alex Oxlade-Chamberlain, que foi muito bem no final da temporada passada, e Tom Cleverley do Manchester United, que realmente possui uma certa quantidade de talento natural.

No entanto, o problema para a Inglaterra no momento é essa mistura de jogadores que estão bem em seus trinta, mas talvez não o suficiente para iniciar todos os jogos, e jogadores que têm pouca ou nenhuma experiência, como Cleverley.

Existe uma falta real de jogadores no auge de suas carreiras. Não consigo imaginar o time de Hodgson batendo de frente com as seleções mais fortes que estarão na Copa de 2014. É só compará-los com Neymar, Hulk, Daniel Alves, Alexandre Pato e Thiago Silva, todos jogadores com experiência em grandes jogos, e fica claro o quão difícil será para o time inglês.

Ao que tudo indica a espera por um título de Eurocopa ou do Mundial vai continuar por muito tempo ainda.

Um comentário:

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