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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

De pés descalços

Por Lucas Bueno


Começará no sábado, na África do Sul, o campeonato mais rico em cultura e diversidade que o mundo da bola nos proporciona, a Copa Africana de Nações (CAF). O torneio conta com dezesseis seleções e dará ao campeão uma vaga para disputar a Copa das Confederações em junho aqui no Brasil.

Além de toda as cores, ginga e musicalidade que os africanos exportam nessa competição, há um choque cultural entre as próprias seleções envolvidas no campeonato: os "europeizados" x "africanizados". 

A influência e importância dos europeus para a evolução do futebol africano é indiscutível. Os colonizadores ensinaram aos jogadores da Mama África o tático. Treinamentos, posicionamento, obediência e leitura de jogo, aliado à força e ginga, qualidades primitivas dos africanos, colocariam a África como uma potência mundial no esporte. Mas não!

Sim, a fome, a falta de investimentos são fatores que impedem o desenvolvimento do futebol africano. Mas os moldes europeus estão engessando a espontaneidade por lá. O "futebol moderno" está renunciando à alegria, desmanchando a fantasia e apagando a ousadia da África.


Zâmbia campeã da CAF em 2012

Seleções como Nigéria, Costa do Marfim e Gana, serão sempre candidatas ao título da CAF pela quantidade de atletas consagrados que têm na Europa. Porém, isso não lhes garante nada. A última Copa das Nações Africanas em 2012 teve como campeã a Zâmbia. Neste ano, os tradicionais camaroneses sequer se classificaram para o torneio. 

Então pergunto aos leitores: Qual foi a última revelação do futebol africano? Todos irão se lembram de: Eto`o, Drogba, Yayá Toure, Essien. Jogadores já experientes. E os novos?! Fiquemos atentos à competição continental que envolverá toda a África. Tunísia, Árgelia, Togo, Etiópia, Burkina Fasso, Congo, Níger, Mali, Cabo Verde, Marrocos, Angola... 

Nós gostamos de ser surpreendidos! Então que venham mais Camarões de 1990 com Roger Milla, mais Senegais de 2002 com Diouf. A África necessita resgatar a sua primitividade positiva. A ingenuidade, malemolência, improvisação e ousadia... Tirar as chuteiras europeias e jogar descalços. Sentir a terra entre os dedos e o barbante da costura da bola no peito dos pés.

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