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terça-feira, 14 de junho de 2011

A música entra em campo e conta a história de um flamenguista injustiçado


Lá pelos idos de 1993 eu já possuía uma certa quantidade de camisas do Corinthians. Não passavam de sete, mas eram maravilhosas, ficava em dúvida de qual usar. Elas ficavam na última gaveta do meu armário. Segundo minha mãe, a primeira gaveta era reservada às camisas novas, a segunda para as do cotidiano e, a última, àquelas que eu usava para acompanhar meu avô e meu pai ao futebol.


Depois do último texto para o Paixão Clubística, porém, aquele exaltando a formação musical dos vascaínos – dá uma lida aqui – voltei minha memória a essa última gaveta e lembrei que as duas únicas camisas que não eram alvinegras era uma da seleção brasileira e uma do Flamengo com o número 5 bordado às costas. Creio que fui a única criança de Piedade com uma camisa de clube com o número cinco. Afinal, a unanimidade sempre foi o 10, 9, 11, 7, quiçá o 8. Por sorte, isso nunca motivou o bullyng.


Ou seja, tenho uma simpatia por todos os clubes do Rio de Janeiro e isso me motivou a, mais uma vez, usar um clube carioca como tema. Ao receber esses dias o livro “Wilson Batista: Na corda bamba do samba” (Luís Pimentel e Luís Fernando Vieira; Editora Relume Dumará; 1996), senti raiva. É que nada me deixa mais com raiva que: milho, juiz folgado, chefe e injustiça. Necessariamente nessa ordem.


Vamos ao caso: Wilson Batista, malandro e sambista de primeira linha, aquele que travou um desafio com o gênio Noel Rosa, era flamenguista doente. E, por mais que o Vasco tenha compositores sensacionais que vestem a Cruz de Malta, nenhum clube foi mais homenageado em sambas que o Mengão.


Já citamos aqui no Paixão o “Samba Rubro-Negro”, composto por Wilson e regravado por João Nogueira. Mas hoje ouviremos outras duas pedradas compostas pelo Rapaz Folgado, como foi tachado por Noel.


A primeira é “Memórias de um Torcedor”, em parceria com Geraldo Gomes e gravada em 1946. Na interpretação a seguir, o samba é cantado por Cristina Buarque em gravação de 1995. Além da letra, vale a pena prestar atenção no acompanhamento feito pelo clarinete.



Abaixo, na interpretação de Marcos Sacramento, mais um revés do Flamengo. A parceria desta vez é do ano de 1942 com Antonio de Almeida e foi batizada de “E o Juiz Apitou”.



Acontece que, segundo os autores do livro já mencionado, durante as primeiras entrevistas para a obra, o C.R Flamengo foi consultado pelos escritores com o objetivo de pesquisar alguma homenagem feita pelo clube ao sambista que tanto homenageou o Rubro-Negro. A resposta, dada pelo diretor da secretaria, Arthur de Carvalho foi:


“Tenho mais de 30 anos de Flamengo e nunca ouvi nenhuma música desse compositor para o clube. Se alguém deve ser homenageado um dia pelo Flamengo, é o Lamartine Babo, que fez o hino do clube”.


Enfim, a atitude do cidadão que falou pelo clube não corresponde à de todos os torcedores. Mas, em tempos de pouco amor à camisa, o flamenguista deve exaltar aqueles que realmente amaram o clube e limpar essa injustiça cometida com Wilson. Como? Basta ouvir os seus sambas, espalhar essa história e deixar que a memória do malandro rubro-negro continue viva.


Para fechar a conta e passar a régua, deixo a homenagem do Paixão Clubística à memória de Wilson. O "Samba Rubro-Negro", desta vez, na voz de Carlinhos Vergueiro. Valeu e até a próxima!




2 comentários:

  1. Senti falta de um pitaco da polêmica com Noel, por mais que em nada tenha a ver com o Flamengo, paixão do Wilson. Pérolas saíram dali, verdadeiras pérolas.

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  2. O Wilson, embora fosse flamenguista, explodiu em 46 com uma música sobre o Vasco! Até os flamenguistas mais doentes acabam se rendendo à Cruz de Malta hahahaha

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