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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Caminhando e encantando


O que falar do Barcelona? A essa altura do campeonato, sendo o time catalão vencedor ou não da Liga dos Campeões, amanhã, contra o Manchester United, no lendário estádio de Wembley, qualquer coisa soaria como clichê. Melhor time das últimas duas décadas, Messi é brilhante, Xavi e Iniesta são monstros, time toca fácil, joga simples, mantém a bola como ninguém. Com ou sem o caneco, alguém arriscaria dizer que o Barça não é o melhor do mundo?


O fato é que o jogo é decidido dentro de campo e no futebol, ainda bem, nem sempre o melhor vence. A final de amanhã será um jogo histórico, assim como esse time do Barcelona. O estilo de jogo catalão veio para marcar uma fase importante desse esporte. A filosofia é simples: manter a bola nos pés. Desde que Pep Guardiola chegou, há três anos, o Barça não passou uma partida com menos posse de bola do que o adversário. É envolvente.


E foi assim que, jogando e encantando, o Barcelona caminhou até Wembley, onde colocará à prova seu talento. Na primeira fase, em seis jogos, o time catalão conquistou 14 pontos, com quatro vitórias e dois empates. Em seu grupo estavam Panathinaikos (GRE), Rubin Kazan (RUS) e Copenhague (DIN).


Na estréia, contra o time grego, no Camp Nou, o Barcelona logo mostrou a que veio: 5 a 1. Contra o mesmo adversário, fora de casa, Messi e companhia vencerem por 3 a 0. Jogando em casa o Barça venceu outras duas: 2 a 0 sobre o Rubin Kazan e Copenhague. Os resultados contra esses dois times também foram iguais fora de casa: empates por 1 a 1.


O verdadeiro teste para os comandados de Pep Guardiola veio nas oitavas de final, contra o Arsenal. No Emirates Stadium, jogo duro. Sem medo de jogar fora de casa, o Barcelona pressionou o Arsenal e podia ter feito dois ou três gols no primeiro tempo, se não fosse a falta de pontaria de Messi naquele dia. Mesmo assim, ainda na etapa inicial, David Villa abriu o placar para o time catalão. O time londrino, porém, não afinou: virou o jogo no segundo tempo com Van Persie e Arshavin, decretando a única derrota do Barça na Liga dos Campeões até aqui.


No jogo de volta, no Camp Nou, o Barcelona fez o jogo que considero fundamental em sua caminhada. É certo que ainda derrotariam o Real Madrid, com show de Messi; mas foi na vitória contra o Arsenal por 3 a 1, revertendo o placar da primeira partida, que o Barça mostrou toda sua força.



Foram 717 passes do time catalão contra 195 dos ingleses. Ao todo os donos da casa chutaram 19 vezes ao gol. Foi um massacre. Uma aula de futebol bem jogado, coletivamente, com toques curtos e objetividade. Messi ainda fez um gol antológico, dando um chapéu sensacional no goleiro adversário. Nas quartas de final, o Barcelona passeou contra o Shakhtar Donetsk. No Camp Nou, meteu logo 5 a 1 para no jogo de volta, na Ucrânia, vencer por 1 a 0.


Já na semifinal, um clássico para ser humano nenhum botar defeito. Barcelona contra Real Madrid. Messi contra Cristiano Ronaldo. Pep Guardiola contra José Mourinho. Foi realmente histórico. Os jogos em si, no Santiago Bernabéu e no Camp Nou, não foram grandes espetáculos. O nervosismo e a rivalidade à flor da pele tomaram conta do duelo.


Mas no primeiro jogo, em Madri, o mundo viu a melhor atuação individual de Messi na temporada. O argentino abriu o placar aproveitando cruzamento da direita, mostrando oportunismo nato, e decretou o 2 a 0 com um gol histórico, costurando a defesa merengue e tocando na saída do goleiro Casillas. No segundo jogo, empate por 1 a 1, com gols de Pedro e Marcelo. Mourinho chorou como uma criança por conta da arbitragem depois da partida, mas não teve jeito: o Barcelona, merecidamente, estava na final da Liga dos Campeões.


Até a decisão, o Barcelona jogou 12 jogos. Foram oito vitórias, três empates e uma derrota, com oito gols contra e 27 a favor (média de 2,25 gols por partida). Ganhando ou perdendo amanhã, esse time do Barça sem dúvida já entrou para a história do futebol mundial.


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