Por Tuca Veiga
Queridos amigos
e leitores do Paixão, antes de começar a tentar descrever o que vivi do outro
lado do mundo, peço sinceras desculpas pela demora para publicar este depoimento. A longa
volta, o cansaço e os últimos dias de férias atrasaram este texto. Mas como
antes da tarde do que nunca, vamos ao que interessa.
Ao longo das
próximas semanas vou publicar fotos que fiz no Japão e vídeos do ponto de vista
de quem estava na arquibancada. Portanto, diversos detalhes da invasão do bando
de loucos vocês irão conhecendo aos poucos. Para começar, vamos à conquista do
mundo.
A longa viagem –
quase um dia e meio – para o Oriente, a presença da massa corintiana em todas
as ruas de Tóquio, a energia que lá encontramos e as amizades que surgiram
durante a estadia criavam uma atmosfera propícia ao título. Pintava o sentimento
que merecíamos sair de lá com a taça.
Estar no Japão
era um presente que o Corinthians havia nos dado. Afinal, muitas das pessoas
que lá estavam jamais pisariam em Tóquio se não fosse o Coringão. Celebrávamos
a conquista da Libertadores, pagávamos promessas, vivíamos dias que jamais
serão esquecidos, mas acima de tudo, cultuávamos o nosso amor pelo Corinthians.
O orgulho de
estar lá estava estampado no rosto de cada torcedor alvinegro. Ir aos templos,
aos parques, às lojas de eletrônicos – onde éramos recebidos com o hino do
Timão – era ter a noção de que havíamos invadido outra terra. Era “Vai
Corinthians” pra lá, “Vai Corinthians” pra cá, parecia que estávamos em casa, e
estávamos mesmo. Os japas devem achar que o time se chama “Vaicolinthians”, de
tanto que escutaram e se aventuraram a falar. Pois é, eles também não vão
esquecer esses dias.
Tudo estava
perfeito, só faltava uma coisa para coroar todo o esforço. Só faltava a taça. A
vitória suada contra os egípcios e a aparente tranquilidade do Chelsea para
superar o Monterrey deixaram os corintianos ansiosos e apreensivos. Os boatos quanto às
alterações do Mestre Tite também colaboravam para que os nervos ficassem
aflorados.
Quando o sol raiou
no domingo trazendo o dia mais bonito de todos os que vivemos no país, algo
parecia indicar que era dia de festa corintiana. Para quem estava no Brasil,
preço que se lembrem da final da Libertadores, daquele dia, daquela noite, da
lua de São Jorge cheia à iluminar o Pacaembu. Pois é, lembrava muito o eterno 04
de julho. “É hoje”, diziam 11 a cada 10 torcedores que cruzávamos no hotel. O
coração já começava a pensar em saltar do peito.
Por volta das
16h (5h da manhã no Brasil), chegamos ao estádio onde Ronaldo guardou dois e
fez do Brasil pentacampeão mundial. Lá só se via duas cores, o preto e o
branco, e nada de azul. Invadimos mesmo. Torcedores de todas as partes do
mundo, Europa, EUA, Austrália e muitos corintianos que lá viviam somavam-se aos
muitos que cruzaram o mundo. Não tinha como sairmos sem o
troféu. Merecíamos aquilo e esse sentimento só crescia.
Entramos no
estádio e começamos a entoar nossos cantos. Os japoneses que estavam
predispostos a torcer pelo Chelsea começaram a ficar encantados com a festa.
Muitos saíram para comprar cachecol ou outros artigos que os adicionassem ao
bando de louco. Foram contagiados pela Locospirose. E aguenta coração.
Durante a
partida, tudo foi entrando no eixo. O batimento cardíaco estabilizou. Nossos
guerreiros mostravam não sentir o peso daquela final e passaram a desempenhar o
futebol que tanto nos acostumamos a ver. Aquilo tranquilizou a todos. Diferente
da semifinal, todos pareciam estar num bom dia, sensação que permanece intacta
até hoje – e olha que já revi umas 5 vezes a decisão.
O gol de
Guerrero, sofrido, que ainda cutucou a trave antes de fazer a nação explodir
foi talvez o mais emocionante que já presenciei no estádio. Abracei meu pai com
toda a minha força, as lágrimas brotaram rapidamente e a certeza do desfecho
feliz tomou conta de mim. Mesmo assim eu olhava a todo instante para o telão,
que nos mostrava o quanto ainda tínhamos que sofrer. Consegui ver o bandeira
levantar seu instrumento de trabalho antes mesmo da cabeçada de Torres. Ali
todos sabiam: o mundo era do Corinthians pela segunda vez.
O apito do juiz
fez o bando ficar ainda mais louco. Agradeci meu pai por me fazer corintiano,
chorei, gritei, lembrei da minha mãe (que me olha aonde eu vá), pensei nos
amigos, cumprimentei todos os companheiros da invasão e deixei isso registrado
para sempre na memória.
Afinal, o
sentimento que tenho é que sou testemunha da história. Não estive na invasão de
76, não vivi o jejum, tampouco a Democracia. Dos anos 90 em diante
vivenciei tudo. Mas para sempre contarei aos meus filhos e netos a aventura que
vivi ao lado de meu pai, no Japão, com mais de 30 mil fiéis, na conquista do
Bi.
Tenho muitas
imagens da festa e muito a falar sobre esse momento. Mas vamos deixar isso para
um próximo texto.
Sensacional Tuca... Imagino a emoção que deve ter sentido, ainda mais por estar do lado de seu velho em um momento tão especial! Vc merecia rapaiz... Tanto na quarta-feira quanto no domingo, angtes de começar os jogos, sentado na sala de casa, não conseguia acredita que não tinha ido... Mas enfim, deu certo, ficamos com a taça!!!! abraços e parabéns pelo relato...
ResponderExcluirTOOOOOP TUQUINHA !!! muito bom o texto mano, acho que os sentimentos de todos os Corinthianos uniram-se em prol de um único ideal, isso fez ser diferente, é tudo nosso ! O MUNDO É NOSSO, CAMPEÃO DO MUNDO !!!!
ResponderExcluirSó posso dizer que você merece meu irmão. Certamente muitos outros merecem também. Mas tava escrito que você tinha que estar lá. Não vou declarar tudo que você foi submetido e superou, em seu respeito que não gosta até hoje de falar disso. Mas só posso dizer, que você meu irmão Merece. Merece por ter dado ao nome Bando de Louco, por ter um sentimento tão puro e tão verdadeiro por uma agremiação, para não se casar de contar esse momento para seus filhos, netos, amigos e todos que tiverem dispostos a ouvir, para ter guardado na memória. Por que se não vez parte do 4 de julho, atravessou o mundo para gritar campeão. Parabéns pro seu time Tuca.
ResponderExcluirSensacional! Realmente não tive condições de ir e me arrependerei eternamente, mas quem foi marcou e ficará marcado na história dessa torcida que não pára de crescer, nunca. Belo relato, fico no aguardo para as fotos, grande abraço
ResponderExcluirOlá turma do Paixão Clubistica,
ResponderExcluirMeu nome é Humberto Alves, sou gerente de afiliados do www.apostasonline.com e gostaria de lhes fazer uma proposta.
Como não consegui encontrar nenhuma área para contato, poderiam me enviar um email para afiliados [arroba] apostasonline.com para darmos continuidade a negociação?
Grande abraço